sexta-feira, 30 de novembro de 2007

sábado, 3 de novembro de 2007

as duas, de vez!




ocorre-me deliciosa idéia
mas nem posso contar
pitanga e pimenta, as duas
na boca, de vez, gostosas, provar!

pimenta, és ardida, malgrado veludo
agridoce pitanga faz língua travar
fazendo na boca, juntas
a lingua doce, ardendo estalar

pitanga tão rubra, macia, contudo
pimenta verdinha, trincando a ficar
meus olhos de água untas
as faces de cor vão mudar

doida, maluca, louca essa idéia
treslouco, doidinho agora a ficar
pitanga e pimenta, juntas as duas
com a boca, de vez, eu hei de provar!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

a beleza e o dom









cada pessoa exprime a beleza do jeito que sabe
uns pelas mãos, outros, pela voz ou pelo jeito
quem não sabe como fazer, assim já está feito
pois de um sorriso que dá, em todo canto cabe!






charada





pitanga, pimenta... gostosa, arisca.
- quem será a mais bela?
não sei, não me complica:
- serás tu ou será ela??



domingo, 21 de outubro de 2007


agradeço com uns versos soltos
agradeço com uns versos tortos
eu, um anjo caído, ensimesmado
agradeço a visão do paraíso.

(volte sempre)



o pica-flor na flor da pitanga


(seguindo as pegadas do Boca do Inferno)


uma pitanga visitou o beija-flor
que estava quieto no ninho
[que estranho: esse tipo arisco nunca fica quietinho!]
e o intrépido colibri a notou
notou tanto e tão bonita ele a achou
que deixou um beijo singelo no ar
e quis o néctar da sua flor.

mas o peralta incontente se reclamou:
- Pitanga tu és azeda e vens me mostrar
o doce que tens aí escondido e não mo quer dar!
- Eu dou se o quiser, mas a você, bico-doce,
não, não e não! Nem adianta tentar!

[Ralhou a linda fruta sem papas na língua.]
Ainda ofegante de tanto rondar
a fruta agridoce, ele tristemente suspirou.
e, veloz e mudo como sempre, indo embora, se pôs a voar.



como viajar de lambreta

pegue 2 dz de lambretas
lave-as muito bem, passe até uma escova para ficarem bem branquinhas.
corte tomates, cebola, pimentão vermelho e verde, coentro ou salsa e junte às lambretas. separe um pouco deste tempero.
leve a mistura ao fogo cobrindo com água. ponha sal a gosto.
depois de abertas, deixe o tempero cozinhar uns 5 minutos.
faça um molho de pimenta bem forte e adicione o tempero reservado a ele e um filete de azeite extra virgem.

beba o caldo em copo americano
(daqueles de boteco, listrado)
com cuidado para não queimar a língua!

pingue limão e o molho dentro de cada lambreta.
coma com as mãos
na panela mesmo.


aproveite a paisagem

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

cabaré das ilusões



sei lá o que te dizer agora...
que amanhã irei à praia
e que não quero a tua companhia?
devo dizer que não te quero mais?
que teu amor não vale a pena tanto risco?
que dizer de nós dois
nessa escuridão, nesse limbo, onde fantasmas
nos assustam como numa casa maldita e abandonada.
nos perdemos a cada dia. já estamos perdidos
de nós mesmos.
corremos muito perigo à noite
e, sob essa luz vermelha e mortiça
essa luz que tantas cenas tórridas alumiou
tu me diz q sentes saudades
eu te digo que já não sinto mais tanto prazer
e que teu cheiro não é mais o mesmo.
e que as rosas agora devem estar murchas
lá na tulipa de vidro barato que eu te dei de presente.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

ambulatório médico









hoje eu fui ao hospital

não, desta vez não fui acompanhar alguém
fui por mim mesmo
naquele corredor branco
o médico ridiculamente vestido de branco
e serenos olhos azuis

e óculos caindo no nariz
e ele pegou na minha doença
e eu notei que não sou de vidro
e ele foi humano

e ele me mandou tomar cuidado com as mulheres
pois elas querem me esquartejar
para que eu não dance mais


com outra.



à vista


bebo a cerveja
e olho as tábuas do assoalho
deste velho casarão
em plena Cayru
que ninguém mais quer
que ninguém conhece
ou sabe o nome da Fonte
nem que ela e Cravo tem algo em comum
o Jorge, o cacau, as velas de saveiro
fatigadas
sangrentas navalhadas na rampa
na ponteira
meia-lua de compasso
no calço
no fumo de corda
nos cabos de tração
de amarração em terra firme
ou em ferros frios
nos telhados da montanha
que me servem de orgia
em antigos gozos e cartas
um royal flush
um blefe
um tiro
um sorriso de puta
uma cachaça bem curtida
um adeus
um barco
um dia
sem noite
se me avizinha.



o problema não é a mão
mas de quem é o pulso
o fator Rh, a assinatura, cpf e rg
é de quem sai a grana pro café
de quem sai a cerveja, o pileque, a droga
o azeite que não chega pra tanto acará
e cada acará(jé) não chega pra tanta gente
com fome
com sede e desejo de gente
que fala mal de mim
de ti
dos anjos e dos demônios
não chega pra cada gringo
pra cada argola de ouro
pra cada pernada, meia-lua, arrependido
macaco pulando aú
esbraveja e espuma a boca
cheia de sangue
a gola vermelha
degola de peixe
cabeço de amarração
bata o pandeiro, meu filho
que a noite já chega.
natimorta

Serena puta







eu quero a mão dessa mulher
eu quero essa mão de puta
na minha carne
nos meus sonhos
no meu delírio cotidiano
de homem-problema
com minhas diretrizes
e minhas atrizes
meu morfema
meu anteparo e antepasto
de capim, de notas musicais
meu salvaguardo e sinal flutuante
nesse mar de enjôos
e de sedentas mazelas
onde me molham
gotas de champagne e bourbon
e cachaças baratas
infusão de folhas
e um acarajé cheio
de pimenta
num olhar perdido
com vontade de comê-lo

como se come uma puta.









segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Tabu ou Esmalte Vermelho




Línguas de fogo
vermelho-vivo

fogo intermitente
meu olho não desgruda
não aquieta
afoga-se de calor
nesse trejeito de mão
nesse doido tiritar
dos dedos
- compridos tentáculos -
de ventosas rútilas
incandescentes
e indecentes
elas prendem-me
agarram-me pelos membros, pelos ombros
envolvem-me

e pelas costas
ferem-me a carne

em cortes vivos de brasa
em laivos de desejo.




quinta-feira, 30 de agosto de 2007

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

vigília





duas noites sem dormir...

um caco!!

um naco, um teco

de sono, um trapo,

farrapo sem casaco.






atalho






um curva.

é subida, claro!

você esperava o quê?

ali passam gentes

mãos e braços, corpos

pernas, bocas, corações

todos eles indigentes


terça-feira, 21 de agosto de 2007

a cadela




foi buscar a terrina

sentou-se sobre os quartos

levantou a pata dianteira direita

baixou um pouco a cabeça

ganiu baixinho, resfolegou

estava faminta

não podia nem andar direito

com as pernas fracas

mas estava ali,

obediente ao seu dono

cabisbaixa

feliz em ter uma mão forte

uma voz que a comandasse

não sabia mais porque aquilo

só sabia que estava com fome

eram os instintos gritando em sua alma

e seus desejos eram mais fortes que ela

e sua vida não lhe pertencia

seu dono chutou a terrina por duas vezes

estava irado

pegou uma tira de sola e deu no lombo

ardeu

outra e mais outra lambada

agora eram três lanhos nas costas

ele não sabia mais porque batia

ela, tinha certeza do porquê apanhava.





quinta-feira, 16 de agosto de 2007

após a ressaca




dia seguinte: hoje a vontade de sair continua a zero. embora a tevê esteja aqui bem perto eu não ligo. que fazer?


a pós-ressaca também é complicada.
as lembranças revisitadas.
os valores revistos e nada mudou. nada me fez melhor ou pior. apenas permaneço e a minha imagem se desgasta no espelho do banheiro. narciso, teseu, prometeu. nem sei mais quem sou. desejo ter ido à lua. o sol me chama mas o corpo se embriaga pela leitura e não se apresenta à rua. o melhor é que hoje, mais que ontem eu não lembro de nada. melhor. se não lembro é porque não fiz!
assim dizem os verbos, de maneira assaz convincente.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

ressaca

ai!
dor
dores
sono
enjôo, angústia, solidão, nervosismo, nariz entupido
a lembrança da amada que se foi ronda a mente enevoada e se mistura com o novo amor que será eterno e sempre mais puro que todas as coisas sobre a terra. sobre os passos que dou nessa terra suja que se entranha nas minhas unhas. eu. eu, bêbado? nem lembro onde estava e nem o que fiz. lembro que perguntaram-me se estava bem, se queria comer. deixaram-me piedosamente num táxi e foram embora. piedosamente?? que nada!! piedade é dinheiro no bolso e uma costela quente esperando na cama, a roupa de dormir ali, esperando também. esperando a roupa úmida de chuva e vento ser tirada da carcaça cansada de amores vãos e esperanças singelas nas tardes de sábado. Para onde, amigo? vou pra casa. resposta correta. onde? rua ... sabe onde fica? sim, ele sabia mas não respondeu. apenas um leve balançar de cabeça indicava seu pensamento. as luzes da cidade nada significavam naquela hora. nem as putas estavam mais na rua. tudo deserto e eu ali, naquele táxi, indo piedosamente para casa. tentava lembrar porque havia vomitado. vomitei mas não me sujei, era uma vantagem. não teria que lavar mais uma roupa. a cabeça ainda dói. não tenho ânimo para levantar e fazer aquele relatório que prometi fazer há dois dias. continuo a protelar essa tarefa. tento pensar em algo e apenas uns fragmentos na memória. acho que estou ficando velho. não bebo mais. merda, porque tem sido assim desde setembro do ano passado? antes eu bebia muito mais e não sentia essas coisas, apenas via as begônias na janela da vizinha e pronto. dormia, acordava e estava tudo em paz novamente. o coração começa a palpitar. mais um efeito colateral. acabaram-se os comprimidos. não tenho força de vontade para ir à farmácia. fica logo ali, na outra rua, mas o problema é ter que vestir uma roupa e pentear os cabelos. que infame. bem que eu poderia ser careca.
mas aí seria um drama. elas não gostam tanto assim dos carecas quanto nós dizemos. elas apenas fazem uso. duplo sentido. pronto, acho que agora estou melhor. quando não digo nada assim é porque estou mesmo muito mal. o telefone insiste em tocar e eu não atendo. é ela. mas também outras pessoas. não gosto de falar. ainda mais assim... ela merece, mas eu respondo por mensagens eletrônicas. ela me ama. eu a amo. não tenho dúvidas como tinha das outras. tenho admiradoras que dariam tudo por esse amor que sinto. mas não posso distribuir sentimentos como se fossem panfletos. somente ela merece. mas o que devo fazer com os sapatos? droga eles estão sujos e molhados. perdi um dia inteiro com dor de cabeça e sensibilidade à luz. não saio de casa. mas preciso sair. que drama! onde estive afinal?
não lembrarei jamais. mas se eu não lembro, é porque eu não fiz, assim dizem os verbos.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

saia verde


Dezessete horas. dezessete horas e quinze minutos. lá estava ela. diferentemente dos antigos encontros, hoje ela veio vestida com blusa verde oliva e saia. uma saia justa no quadril, reveladora de uma forma bastante agraciada na qual eu nunca havia reparado. nem os Verbos haviam reparado nisso. repararam hoje. uma saia que deixava entrever, pelo corte, suas pernas torneadas. pernas de loba que é, mas pernas bem formadas, firmes, fortes. usava sandálias altas e talvez isso ajudasse a formar um derrièrre mais pronunciado. do jeito que vira mania nacional. mesmo assim, não era uma saia devassa. sem maquiagem, como sempre. aliás, uma única vez veio com batom nos lábios. uma única vez a vi assim e era uma batom muito discreto. ela é muito discreta. casada. doutora. casada com um doutor. não, não é médica nem advogada. é doutora mesmo. doutora que recebeu doutorado em título de papel passado, sessão de fotos solenes e um drinque para comemorar (talvez um uísque envelhecido, bem forte, com um beijo no final). silenciosa como as águas no fundo do cânion, chegou e escreveu algumas coisas. li tudo. já conhecia aquelas palavras há meses. casada com um doutor. doutora. e eu ali, absorto e os verbos repararam na saia dela. não, eu reparei mas sem desejo. apenas com os olhos e a testa, sem o âmago biológico de homem. ela é casada. eu também sou. mas essa não é a questão. a questão é que nem eu e nem os Verbos havíamos reparado naquilo antes. já me falaram dos seios. volumosos. maduros. seios de loba. seios que eu nunca desejei pois sou casado e ela é uma doutora. de papel passado, tese, antítese, excelente conceito, banca examinadora e sei lá o que mais é preciso pra ser doutor. mas aquela saia esverdeada, feita de retalhos grandes do mesmo tecido fora uma surpresa. como uma simples peça bem-escolhida pode mudar uma loba comum em loba mortífera e silenciosa que anda pela mata ao entardecer? eu não disse isso. eu escutei uma voz a dizê-lo. eu apenas a vi. ela é uma doutora e eu sou casado. o problema é que os Verbos falam demais. e eu não disse nada. eu apenas vi a saia dela. os Verbos é que falaram dela e das suas pernas bem feitas. eu sou casado e não ligo pernas de loba. eu apenas ligo verbos.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

horizonte falido






Sei que vais voltar

atrás de reparar teus erros,

porém a hora avançada e a caravana que passou

deixaram uma nuvem de poeira que seus olhos

jamais irão devassar.



café frio

A caneca me entende
dentro de sua vaziez
mudez e surdez.
dedos agonizantes ferem brancas letras
o negrume por trás delas
idioma: português
gênero: insano
estilo: desmetrificado
a noite se mistura ao passado
e desta canja rala e fria
talvez saia algum poema belo
jamais publicado.




terça-feira, 7 de agosto de 2007

o fanal




tua tez, serena noite

frio cortante; o vento te sacode.

o feixe de folhas me acolhe

como o palheiro a uma agulha.

serena encosta,

meu olho te vê pela janela

sereno fico frio

sereno ando nas tuas ruas

insólito barco em doce mar revolto

e marco os pontos cardeais

na tua costa

na pedra íngreme

perigosa escarpa

da tua boca.

sábado, 4 de agosto de 2007

embriaguez




luzes.


a calçada.


as formigas, a areia no meu rosto


as mãos sujas. dinheiro amarfanhado nos bolsos


e uma sensação de desamparo me corta em frente e VERSO.



* embriaguez poética é gêmea da pior ressaca !

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

porta-retrato



noite fria, tudo quieto.

frios ais semeiam saudades;

só o café, já morno,

aquece meu espírito torto

enquadrado, teu rosto sorri

enquanto choro.
.

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Bar do Gino






Tantas garrafas me olham
que até fico tonto!







* o Bar do (Hi)Gino existe e fica próximo ao Elevador Lacerda.

terça-feira, 31 de julho de 2007

tiro de pártia

vi você ontem, sozinha
envolta nas brumas dos seus pensamentos e digressões;
te vi e você estava suada, linda e cansada, como sempre.

Cheia de pesos na consciência!



26 ª Força - HAAIAH

Haaiah (2ª Hierarquia - tipo: "Dominações") inspira-lhe percepção de diferentes realidades. Os nascidos sob a influência deste Anjo - ou que eventualmente sejam por eles inspiradas - costumam desenvolver habilidades no relacionamento formal, tal como na área da política, da diplomacia, das vendas e do jornalismo. Dotados de mente concreta, preferem as manifestações afetivas sem muita sutileza e com resultados concretos.
Conciliadores inatos, acreditam firmemente na liberdade pessoal e não aceitam a existência de um destino pré-estabelecido. Haaiah aconselha unificação das diferentes experiências. No amor, lembre-se de que as diferenças são sempre enriquecedoras.





http://www.pocos-net.com.br/personal/depaula/hierarqu.htm

taquicardia


posso te emprestar uma parte
deste ser pulsante.
e pulsar no mesmo instante!






segunda-feira, 30 de julho de 2007

analfabetizado



QWERTPOIUYASDFGÇLKJHZXCVMNB-sótemletras

sol...não!

S-O-L-E-T-R-A-R




antipreciosismo


Gosto de escrever assim
sem métrica, sem preciosidades
não sou Olavo Bilac
com suas filigranas e berloques.
Sou o Antipríncipe dos Poetas!
Sou o poeta-mendigo.
Pego migalhas de palavras
e com elas faço minha refeição do dia!

queimadura de segundo grau

o corpo arde, as mãos
arde meu dedo
todo em poesia!




domingo, 29 de julho de 2007

como fazer um drink



ponha bastante gelo picado num copo alto

1/2 limão cortado à francesa

álcool da sua preferência
leia o rótulo



misture tudo e vá para a janela

degluta com voraCidade
relaxe.



* o consumo exagerado de poesia etílica pode causar problemas de saúde
** o limão da imagem é apenas ilustrativo, não está cortado à francesa!


D e f e n e s t r a r



Tua boca, ali tão distante
E eu aqui fogo errante
Fogo fátuo, me transmuto
Me queimo, me afago, me apago
No apego do teu gesto
Na sombra do teu corpo
Ainda dizes que não presto:

e lança meu ego do oitavo.



* boca = veveka pedreira, defenestrar = anne caribé
interstício = sérgio bezerra




Animal de sangue quente



Uma parede de vidro separava as pessoas que olhavam abismadas.
Uma poça de sangue. Pequena.
As máquinas rugiam e soltavam relampejos enquanto a tarde escorria no relógio. A varredora explicava que aquele tipo de crime sempre acontecia por ali. Era comum. Pedia que ninguém se assustasse.
Diante daquela aglomeração, enfiei a cabeça por entre outras e vi, em frente ao balcão de fotocópia: era um gato com um rato entre os dentes.



sibilo


Sssspp !!
Cortou o ar
uma flecha azul.



Homem da Rampa





Pescador por escolha.


Eletricista de profissão; soldador, torneiro mecânico, recepcionista, gráfico, ex-ladrão, comerciante, jornalista, pai de família, marceneiro, mecânico, bêbado.

Tem de tudo na Rampa.
Mas...

A rampa está vazia.

Onde se ouvem os antigos gritos sob o sol a pino?

Onde estão os saveiros carregados de potes, pimentas de cheiro, da Costa
do mar, do recôncavo, da Baía

onde está o peixe ainda ofegante?

onde está ele,

pescador?
marujo?

Seja lá o que for.

Barcos sem rumo, homens sem destino

Sem paradeiro, sem bússola, sem cabeço de amarração.

Com a cabeça no mar e as mãos nas nuvens, nos anzóis, nas facas amoladas, na rede

Vazia de peixes que morrem aos montes

E deixam mesas vazias, bocas vazias

Barrigas vazias


E cheias de cachaça.
Cheias de mentiras
E artimanhas
E sorrisos
E saudades.


- Só volto depois de amanhã, mulher.

- Hoje tem vento Leste!



* Baía = Bahia ou o q desejares entender. O texto agora é teu.



RUBI


O arrebol rubro e


minhas palavras grenás

avermelham teu sangue azul de princesa.




* tipo "O" positivo



Slide Verger




Vejo a Rampa
Onde toma-se banho salgado, lava-se o peixe
corta-se a mão


Onde tomava-se navalhada na carne, na alma
escarrada do fumo de corda dos saveiros
da Ilha de Maré,

de Valença com seu camarão defumado
da praia de Guaibim.

Chapa de frente, meia lua - olha o côco, dona!

Vejo ali o Forte de São Marcelo imponente
Dono da Baía, dos navios

De Todos os Santos

E encantos
de São Salvador ardente de pimenta da costa

Ardente acarajé, alfândega, najé

Roda de capoeira, o cais, navio

Rampa do Mercado onde se sabe que
todo trabalho do homem é para sua boca.


Vida mansa, moço, não volta mais.


quinta-feira, 26 de julho de 2007

e essa falta de sono miserável...


02:05


acordei ontem às 7:17. ninguém merece essa sina doida no espaço urbano. para que serve toda essa disposição se ninguém me pergunta as horas?

uma amiga me pediu orientação sobre uma tal matrícula-web. só fiz piorar a cabecita dela. porque eu não entendi nem mesmo a minha. ah, está achando que sou burro? vá lá. te dou minha senha, mas se me fizeres alguma pergunta idiota ou declaração boba seguida ou não de uma cara sem expressão... te mando aos leões!

em função meu alto desempenho em não adormecer já sequei duas térmicas cheias de petróleo.
ops!
café. uma coisa arrastou a outra e não o contrário.

deu para entender como gosto?

quente, fortíssimo e que escorra lentamente da caneca (xícara, não) até os lábios entre uma linha e outra, lida de soslaio.

meus pais me olham dali do porta retrato.

penso que toda mão nervosa fica acordada enquanto os mortais dormem o sono dos justos. tenho certeza disso.


chega, senão meu blog fica cansativo.

quarta-feira, 25 de julho de 2007

após um período de inactividade blogal, eis-me aqui!

letras



caminho escuro
pé que pisa na poça de madrugada
água parada, profunda; peixes que mordem,
um elefante que entra na minha sala e descaradamente se abanca em frente ao televisor.

é como a pedra sendo ferida pelo cinzel
afiado e certeiro
cada golpe revela um ludíbrio
como uma estilingada no papo, em pleno vôo.

e em golfadas se esvai o pensamento







[certo, mas deixem-me livres as mãos para
que eu possa continuar minha viagem]

segunda-feira, 2 de julho de 2007


Agora vejam só o que não falta mais...:
...me incumbem de postar um blog para a ninhada toda; por puro capricho, ninguém se habilita.
Nem eu.
Não dominava a matéria.
Por puro capricho, resolvo montar.
O meu.
Contiuo não dominando a matéria. Só a prima.
Matéria-Prima. Pedras, pedaços de madeira e ferro.
Letras, escarros de palavras, impropérios, chavões, frases-feitas, desfeitas, insatisfeitas. Rarefeitas.
Egoísmo.

Acho que estou ficando velho e ranzinza!

Quem dá mais? Quem dá mais??


Ah, me traz um cafezinho!!