terça-feira, 18 de agosto de 2009

digitais

Agradeço por me dares estes versos
escritos entre goles de bebida
cantados em frente ao velho espelho
saídos de mim, como falanges soltas
dos dedos.

sequencia

desejo beijar e sentir tua carne
boca na boca, pele na pele
fazendo salivas loucas!

poema de um verso só

Vou escrever poesia em teu corpo inteiro só para ter que apagar depois, sem usar as mãos!

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Antes que o poema nos trague

vejo a rosa, toda prosa
em verso e canção
somente ela se rima em mim
e fala de cada coisa:
carne, perna, xadrez
apócope, cinema, coração
pesquisa, conhaque, alemão
imposto de renda
linguista, jasmim, catalão.


a rosa toda prosa e verso
rima em meu rosto olhares
palavras, afetos, venenos
dodecassílabos, monólitos, romanos
grécias e naus em pleno mar.


somente a rosa enfeitiça
sereia, ciclopes, palomas, gibraltar
tufões, clonagem humana
contagem de sílabas, hiatos
metrificação incompleta, síncopes.


a rosa não me sai do pensamento
ela inunda cada linha - a língua
cada barco - lexia - vira poesia
no mar de sua ciência.

como virão as horas amanhã?

quando nos teus cabelos perder meus dedos
e o perfume deles me embriagarem
e quando tua boca disser entre sussurros
o meu nome cercado de juras
quando nos teus olhos brilhantes a minha imagem
percorrer toda a retina até a macula luthea
quando, novamente, nestes cabelos negros
como o escuro da noite em meio ao mar sereno
estiver afundado e adormecido, saberás:
o guerreiro repousa ao teu lado
da mais fatigante e terna batalha
que mil vezes terás
que mil vezes vencerás
que mil vezes perderás
e de todas elas terás as lembranças
mais doces, cálidas
ou tórridas e viciosas
e pelas janelas irás procurar o dia
ou a penumbra e apenas verás as horas
que passaram voando com seus ponteiros
em forma de asas.