domingo, 29 de julho de 2007

Homem da Rampa





Pescador por escolha.


Eletricista de profissão; soldador, torneiro mecânico, recepcionista, gráfico, ex-ladrão, comerciante, jornalista, pai de família, marceneiro, mecânico, bêbado.

Tem de tudo na Rampa.
Mas...

A rampa está vazia.

Onde se ouvem os antigos gritos sob o sol a pino?

Onde estão os saveiros carregados de potes, pimentas de cheiro, da Costa
do mar, do recôncavo, da Baía

onde está o peixe ainda ofegante?

onde está ele,

pescador?
marujo?

Seja lá o que for.

Barcos sem rumo, homens sem destino

Sem paradeiro, sem bússola, sem cabeço de amarração.

Com a cabeça no mar e as mãos nas nuvens, nos anzóis, nas facas amoladas, na rede

Vazia de peixes que morrem aos montes

E deixam mesas vazias, bocas vazias

Barrigas vazias


E cheias de cachaça.
Cheias de mentiras
E artimanhas
E sorrisos
E saudades.


- Só volto depois de amanhã, mulher.

- Hoje tem vento Leste!



* Baía = Bahia ou o q desejares entender. O texto agora é teu.



Nenhum comentário: